Animal Pain

Entre os animais de produção, os porcos são os que menos recebem tratamento para a dor, pois os médicos veterinários consideram difícil reconhecer a dor em suínos e o uso de analgésicos é restrito nesta espécie por questões de consumo alimentar. Estudos demonstram que porcos castrados com anestesia local ganham mais peso que os castrados sem anestesia local.

A Escala Composta Unesp-Botucatu para avaliação de dor em suínos (UPAPS – Unesp- Botucatu Pig Acute Pain Scale), além de quantificar a dor, ainda apresenta um critério numérico indicativo de necessidade de intervenção analgésica (ponto de corte).

A UPAPS já foi validada tanto para porcos de ao redor de 40 dias, como para porcos recém-nascidos em lactação.

Veja abaixo a descrição dos comportamentos avaliados na escala:

Descrição dos comportamentos avaliados no etograma de porcos submetidos à orquiectomia (castração)

Comportamentos normais

Em pé inativo

Permanece em pé, sem expressar outro comportamento normal

Andar

Andando

Sentar

Sentado

Deitar

Deitado descansando

Dormir

Dormindo

Comer

Comendo no comedouro

Beber

Bebendo água

Fuçar

Farejando ou fuçando o ambiente ou deitado

Urinar/ defecar

Ato de urinar ou defecar

Interações sociais amigáveis

Lamber

Realizar pequeno movimentos de mastigação enquanto toca outro porco

Cheirar

Cheirando outro porco em pé ou deitado

Interação social agressiva

Brigar

Confronto físico direto, cabeçada, empurrão, mordidas e perseguições, em rápida e contínua sucessão

Comportamentos estereotipados

Morder

Mordendo partes da baia (barras, comedouro)

Correr/ Agitado

Visivelmente estressado, correndo ao redor da baia, perturbado, com comportamento escapista

Comportamentos indicativos de dor

Postura alterada

Apresenta uma ou mais comportamentos anormais: chutar em pé, coçar/esfregar a área afetada, proteger a área afetada, músculos contraídos, costas arqueadas e abanar vigoroso da cauda

Dificuldade em caminhar

Dificuldade para andar, desconforto aparente na região perineal (entre os testículos e o ânus, ou entre a vagina e o ânus), contração da região escrotal (região do testículo) e abanar energético da cauda

Deitar sozinho

Quieto, deitado sozinho na baia, não permite interação

Deitar-se desconfortavelmente

Altera a postura com aparente desconforto, abanando a cauda e/ou esfregando a área afetada no chão

Para conhecer e usar a escala, acesse os tópicos abaixo.

Escala Composta Unesp-Botucatu para avaliação de dor em porcos

(UPAPS – Unesp-Botucatu Pig Acute Pain Scale)

A Escala Composta Unesp-Botucatu para avaliação de dor em porcos (UPAPS) apresenta 6 características:

1) Postura

2) Interação e interesse pelo ambiente

3) Atividade

4) Apetite

5) Atenção à área afetada

6) Comportamentos diversos (miscelânea de comportamentos)

Cada característica compõe 4 níveis pontuados de 0 a 3, no qual 0 representa normalidade ou ausência de dor e 3 indica a dor de maior intensidade.

Escala Composta UNESP-Botucatu para avaliar dor aguda em porcos (UPAPS)

1. Postura

Escore

Vídeos

Normal (qualquer posição, aparência de conforto, músculos relaxados) ou dorme

0

Altera a postura, com aparente desconforto

1

Altera a postura, com aparente desconforto e protege a área afetada

2

 Quieto, tenso e dorso (costas) arqueado

3

2. Interação e interesse pelo ambiente

Escore

Vídeos

Interage normalmente com outros animais; interessado no ambiente ou dorme

0

Só interage se estimulado por outros animais; interessado no ambiente

1

Ocasionalmente se afasta dos outros animais, mas aceita aproximação; pouco interessado pelo ambiente

2

Afasta-se ou foge de outros animais e não permite aproximação; desinteressado pelo ambiente

3

3. Atividade

Escore

Vídeos

Move-se normalmente ou dorme

0

 Move-se com menor frequência

1

Move-se constantemente, inquieto

2

Reluta em se mover ou não se move

3

4. Apetite

Escore

Vídeos

Apetite normal

0

Apetite aumentado

1

Apetite reduzido

2

Apetite ausente

3

5) Atenção à área afetada

Vídeos

A – Eleva membro pélvico (pata traseira) com frequência ou alterna ocasional ou frequentemente o apoio do membro pélvico

B – Coça ou fricciona área dolorida

C – Afasta-se, corre e/ou saltita após contato na área dolorida

D – Senta com dificuldade

Escore

Todos os comportamentos acima relacionados estão ausentes

0

Presença de um dos comportamentos acima descritos

1

Presença de dois dos comportamentos acima descritos

2

Presença de três ou de todos os comportamentos acima descritos

3

6) Miscelânea de comportamentos

Vídeos

A – Balança contínua e intensamente a cauda

B – Morde a grade

C – Está cabisbaixo

D – Apresenta dificuldade em ultrapassar obstáculos (exemplo: outro animal)

Escore

Todos os comportamentos acima descritos estão ausentes

0

Presença de um dos comportamentos acima descritos

1

Presença de dois dos comportamentos acima descritos

2

Presença de três ou mais dos comportamentos acima descritos

3

Total

18

Após assistir aos vídeos de cada subitem da escala, assista aos vídeos testes seguintes e avalie a sua habilidade em usá-la. Após assistir cada vídeo, pontue o escore de cada item que mais se aproxima do comportamento do animal. A seguir compare seu resultado com o gabarito. Você estará apto a usar a escala quando a soma total dos escores de cada vídeo for até 20% maior ou menor que o resultado do gabarito em ao menos três testes (exemplo: se o escore total do gabarito for 10, seus resultados devem ser entre 8 e 12).

Decisão para realizar analgesia*

Pontuação

Escore de intervenção analgésica

(ponto de corte)

UPAPS

0 a 18

≥ 4

Zona de incerteza diagnóstica: escores entre 3 e 6

Escala numérica

0 a 10

≥ 3

Escala simples descritiva

0 a 3

≥ 2

Escala analógica visual

0 – 100 mm

≥ 33 mm

* Independente do escore, cabe ao médico veterinário decidir entre usar ou não analgésicos de acordo com a avaliação clínica.

Após ler e treinar os itens anteriores, clique abaixo para avaliar a dor de seu animal.